segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A CIDADE E O PINTOR

A cidade é pequena, antiga, muito antiga,
de ruas e ruelas estreitas e tortas.
Numa dessas ruas, um homem aparentando 50 anos,
fecha-se no seu espaço,
numa loja de fundos.

Bem ao fundo, está o seu ateliê.
Um dia entrei-lhe na vida, não totalmente por acaso,
ao passar, convidou-me a entrar.

Não sabia ao que ia, mas abriu-se-me um mundo
totalmente novo.
De telas, quadros, painéis e papéis, tintas e pincéis.
Este homem é um artista. Neste ateliê está um mundo inteiro.

Do mesmo modo que Pessoa viajava sem sair do seu quarto,
o pintor levou-me a Paris, mostrou-me a Ibéria,
guiou-me pela Baía e pelo sertão brasileiro. Estive no palco
do Bolshoi.

São figuras que se movem, que balançam, aos pares, em que o
preto ganha cor, em que o branco tem vida, e os vermelhos,
castanhos, verdes e azuis parecem
falar com o intruso. Que me sinto.

Gosto do que vejo. Muito.

Diz-me que não frequentou belas artes, que não lhe ensinaram
a pintar, que desconhece história de arte. Ainda bem, digo eu,
a sua arte é bela.

A pintura “ sai-lhe “ com naturalidade, fruto de uma vida bem vivida,
de uma invulgar capacidade de observação, percebe-se, e de uma
permanente influência do quotidiano. E salvo a minha ignorância,
fará história.

Não escrevo sobre pintura. Não sei. Não sou um especialista em
observar arte.
Nem sei o que isso seja.

Sei que ao aceitar o convite para entrar, dei por mim a fazer parte
do mundo de Varatojo.
Assim se chama o artista que está cotado como uma nova referência da
pintura portuguesa.

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