terça-feira, 25 de outubro de 2011

A RTP

A RTP

1. Uma televisão Global
2. RTP 1, o canal generalista
3. RTP 2, a televisão privada
4. Conclusões

1. RTP MUNDO

O grande desafio da RTP MUNDO é ligar Portugal ao Mundo e vice-versa, através de uma emissão de vinte e quatro horas por dia.
Existe hoje a grande oportunidade de dotar o serviço público de televisão de um canal global.
Numa lógica de verdadeira Portugalidade, chamar-lhe-íamos
RTP MUNDO, e não é mais nem menos do que ligar as regiões do mundo, onde existem comunidades portugueses, onde se fala a Língua Portuguesa.
Ou seja, nos cinco continentes, em toda a parte do Mundo, onde o português é um dos mais importantes veículos de entendimento e de comunicação.

Aqui se fundem África e as Américas, o Oriente e as regiões do mais austral dos mundos.
A partir do continente Europeu.

A RTP MUNDO vai beber aos princípios de desenvolvimento da RTP Internacional, da RTP África e da RTP Informação que seriam extintas e num processo de fusão das suas competências e recursos dariam lugar à RTP Mundo, acrescentando-lhe a necessária globalidade de acção. De forma a uma verdadeira aposta na divulgação da Língua de Camões no mundo, e numa efectiva ligação entre os povos lusos.

A RTP está hoje sediada na América Latina, com delegação no Brasil, com correspondentes nos Estados Unidos, uma vasta representação nos Palops africanos, em Timor e Macau. Mantendo a visibilidade permanente das principais praças europeias, como Madrid, Paris, Bruxelas e Estrasburgo.

O que a RTP MUNDO se propõe fazer é estar permanentemente no Ar, através dos seus correspondentes e delegações, com espaços informativos locais, com programação assente nos quotidianos das regiões onde se fala português, e onde as comunidades portuguesas trabalham, investem e se
Multiplicam.
Com base na ideia de um serviço global próximo de uma televisão tipo CNN.
Falada em Português.
Com a chave do comando das emissões centralizado em Lisboa.

É um projecto oneroso, fazendo face ao momento mais débil de conjuntura económica, mas é também e sobretudo um projecto audaz, ambicioso e que colocará Portugal numa outra dimensão, preparado para outros voos, como o da afirmação como uma grande potência do Conhecimento, da Língua e da Cultura.

Quem melhor que a RTP, para o fazer? Pela sua experiência, pela sua implantação, pela importância que tem para os portugueses espalhados pelo mundo e claro, por se tratar do veículo mais eficaz na divulgação dos nossos interesses, das nossas façanhas e das nossas mensagens.

Aqui pode estar a verdadeira solução para o verdadeiro Serviço Público de Televisão.

Neste conceito que agora apresento, não haverá espaço para dúvidas, para excessos, para falta de clarificação.

O poder político que o conseguir implantar terá um futuro reconhecimento por uma proposta de grande alcance social, de óbvio impacte entre as comunidades, uma verdadeira lança na forma de comunicar português, em português.
Para o Mundo.

2. A RTP -1

Neste projecto que ora penso, está implícita a continuidade de um canal generalista que se cinja ao território de Portugal continental e ilhas. Uma emissão sem tentações a entrar pelo mercado das audiências, antes um canal de Televisão de Qualidade, com conteúdos de Excelência.
Sem margem para duvidas.

Administrado de uma forma muito rigorosa, e gerido com os fundos da dotação do Orçamento Geral do Estado e com publicidade e divulgação, institucionais.

Deixando os produtos, as marcas para os meios de Televisão Privada.

Deste modo, teria a RTP 1 capacidade para demonstrar na sua grelha, toda a potencialidade dos criativos portugueses, a independência dos conteúdos de informação e de desporto, e claro uma antena permanentemente aberta aos registos de manifestações artísticas.

No fundo, se quisermos uma televisão tranquila, criativa, sem a pressão
das audiências, feita a pensar no crescimento intelectual dos portugueses.

Com uma definição bem clara da intervenção do estado.
Sem dúvidas!

3. RTP – 2

Fica claro neste memorando, que a aposta passa por dar à iniciativa privada a possibilidade de disputar a exploração da RTP 2, que como é óbvio, e face à mudança de cariz de gestão da RTP 1, teria a saudável entrada no bolo publicitário do mercado nacional, que continuaria a ser disputado por três canais de televisão.

4. Conclusões

O espectro televisivo nacional teria desta forma, uma televisão verdadeiramente pública e três canais privados.

Este projecto requer um enorme esforço quer do Estado, quer da administração da RTP, no sentido de um vasto processo de reestruturação interna.

- Não sendo um gestor, muito menos um economista, faço deste documento apenas e tão só, um processo de intenções, baseado na minha experiência como profissional do meio, um profundo apaixonado pelos conteúdos televisivos e pela Língua Portuguesa, e acima de tudo alguém que vê a RTP como um meio indispensável para a melhoria do bem estar e do nível de vida das comunidades portuguesas.

- É também por isso, que não realizo qualquer exercício relativamente aos conceitos a aplicar aos espaços da Radiodifusão Portuguesa.

Francisco Figueiredo
/ Setembro 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

E A LÍNGUA, FRANCISCO?

Francisco José Viegas desdramatiza e bem,
a ideia de que a Cultura tem que ter um
Ministério.
O secretário de estado, mostrou na entrevista
à SIC-Notícias, que o que importa é ter ideias,
uma política abrangente e capacidade de tomar
decisões.
Responde com ironia, com sentido de humor, o
que num dirigente é invulgar, aos muitos que acham
que as artes do intelecto não têm que apresentar
resultados.
Gostei pouco de o ouvir falar pouco do maior
património cultural do país.
A Língua Portuguesa.

domingo, 9 de outubro de 2011

A GRANDE MARCA

"Ouvi dizer..." é a grande marca da
economia portuguesa.Há muito instalado
entre nós, é um produto que não pára de
crescer.
O expoente máximo da actividade mais
lucrativa do país. A calhandrice também
conhecida por bisbilhotice, coscuvilhice,
mexeriquice.
"Ouvi dizer que ele anda metido com a professora
do filho..."
"Ouvi dizer que o gajo está cheio de dívidas..."
"Ouvi dizer que ela dá umas baldas por fora, e
que o manso assobia para o ar..."
Aqui sim, os índices de produtividade não têm
discussão.
"Constou-me que..." e "Chegou-me aos ouvidos..."
são outras variantes bem sucedidas na arte de
calhandrar.
Esta actividade tem entre nós uma facturação diária
tal que, se "dar à língua" desse moeda, teríamos o
maior PIB da Europa, e qual recessão qual quê!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PORTO DE HONRA

Vi um jornalista, apresentador de
notícias, saudar o político, autarca.
Seja bem vindo senhor doutor, a esta
nossa casa, que também é a sua casa.
Ora por muito que os tempos modernos
teimem em mostrar uma sistemática troca
de galhardetes, e um permanente travestir
de dirigentes políticos em comentadores de
política e de outras performances, e por
muito respeito que nos mereça o trabalho
de alguns executantes do poder, todos
sabemos que o jornalista tem a sua casa, e
que esta não é a mesma que o político ocupa.
São casas distintas, as diferenças devem ser
bem vincadas, e os agrados ficam à porta.
Os petit-fours são para outros espaços, mais
amplos, a que amiúde e pomposamente gostamos
de chamar infotainment.
Ou para aquelas "festas de armazém", onde tudo
cabe, e a que chamamos casa dos assessores.
Na "casa da informação" não deve ser servido o
"porto de honra".

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

À Esquina da Leitaria

Comme d'habitude, lá estavam eles, sexta-feira à tarde à esquina da leitaria.
As conversas invariavelmente acabavam no sucesso que cada um tinha.
-" Mas que contestas tu Público, não vês que eu tenho tudo para agradar?!
Violência, sexo, acidentes, futebol, estrelas de tv, tricas, política...", diz o Correio da Manhã.
- " Deixa-te disso, sou mais inteligente, culto, elitista..." - remata o Público.
- "...e notícias...?, insiste o CM.
- " Estão a falar comigo?, pergunta o DN- " disso percebo eu! como se não soubessem que ando nisto
há muito tempo?"
- " Hehe...", gargalha o "I" - " e a minha beleza não conta, não vêem como sou bonito?
O CM volta à carga; - " para além de ter ficado com os órfãos do 24H".
A um canto da mesa, gagueja o Sol, -" e eu, e eu ?"
- " Cala-te e cresce..." - interrompe o Expresso acabado de chegar, e que do
alto do seu altivo e charmoso porte logo se pôe a acrescentar;
-" tu meu caro, não sabes bem o que queres."
O Sol pareceu amuar.
Ouvem-se sorrisos de hiena, vindos de um canto mais distante, onde
ABola e Record, de costas voltadas e cigarro ao canto da boca, pareciam
"galar" as miúdas.
-" Isto está bom é para nós!" - delicia-se ABola.
-" Para mim, queres tu dizer, porque eu bem te passo a perna." - remata o Record
-" Lá estás tu com a mania das grandezas..." - insiste ABola
-" Olha quem ali vai..." - alerta o Sol
-"...aquele pindérico do Destak, não liguem." acrescenta o I.
Por falar em ligar, está um telemóvel a tocar.
-" É o meu!" - diz o DN, sempre perspicaz.
-" Vá lá atende, e põe em alta voz, queremos saber quem é..." - goza o CM
Do outro lado da linha, ouve-se uma voz tão alto, que mais alto não podia ser.
-" Então carago, sempre na galhofa... sois mesmo uns cagões, ides trabalhar, carago!!!
- "Era o JN, aquele meu irmão tripeiro que está sempre com bocas." - desculpa-se o DN.
Sem pedir desculpa I e Sol saem de fininho.
-" Olha, olha aqueles acusaram o toque." - satisfaz-se o Público.
-" Um toque só se for à maquiagem, que deve ser isso que o I vai fazer, e o outro
deve ter ido queixar-se à amiguinha que tem em Luanda. Hehe, bebemos só mais
uma que tenho que ir preparar a primeira página." Finaliza o Expresso.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

55 CENTS

Estou no escritório. Tenho dez euros no bolso, e o meu café já está pago.
Um amigo com quem mais uma vez conversei sobre um projecto comum, teve
a gentileza de me oferecer a bica. E não uma bica qualquer, algo mais rebuscado.
Um abatanado.
Um café normal, mas em chávena grande, e a que o dono do bar acrescenta
mais cinco cêntimos de água. O espaço, onde diariamente me instalo e a que
pomposamente chamo de escritório, tem um serviço “cinco estrelas”. Internet,
energia eléctrica, serviço à mesa, e horas a fio de volta do meu portátil, à
procura de tudo e de nada. É assim como um part-time. Tudo pelo preço de um
café, e à porta de casa, onde a minha mãe terá ficado a preparar algo para o
almoço, depois de me ter dado os tais dez euros que tenho no bolso, e que me
fazem sentir um tipo cheio de poder. É uma festa ter dez euros, ele é cigarros,
ele é café, ele é telemóvel carregado. Enquanto dura, estou no “escritório”.
Quem me quiser ver, e hoje são muito poucos, sabe que por aqui estou.
E as minhas horas a despacho são muito violentas. Duas a
três respostas para anúncios de emprego, uma boa meia dúzia de candidaturas
expontâneas, leitura voraz de notícias, criação de ideias para projectos de
televisão, limpar a caixa de e-mails, a maioria é spam e claro, actualizar
a página do facebook. Tudo isto em três a quatro horas. Uma longa manhã,
que geralmente transporta a hora de almoço para tardias horas em que já não
tenho apetite para engolir a massa que tão generosamente minha mãe deixou
preparada. E como eu gosto de massa. São quase duas da tarde e a história
repete-se de segunda a sexta. Sim, porque eu não sou um free-lancer
qualquer. Ao sábado e domingo, estou mais em casa, onde não tenho net, ou
com a minha namorada quando ela tem paciência para me suportar, e que tem
sido por estes dias o meu porto de abrigo. A minha mãe dá-me cama, mesa e
roupa lavada, algo que lhe é muito doloroso, porque se sente cansada e
também sente que não o mereço. A minha namorada sente, vá lá
perceber-se porquê, que eu a faço feliz. Eu tento, mas dou tão pouco.
A não ser o que alguém com cinquenta anos de idade, que terá deitado tudo a
perder, desempregado, esquecido e com perspectivas reduzidas, tem.
O motor, o meu motor e que diariamente me empurra da cama para fora.
A experiência, o conhecimento, a sabedoria. Tão fundamentais para mim, tão
irrelevantes para quem não está nem aí.
Hasta e boa sorte!

A FALAR (2)

Vejo um Presidente da República
que continua a falar para os
mercados(?), para os políticos,
e para os comentadores.
Vejo os políticos, que aproveitam
o discurso do Presidente, para
palavrear coisas como plano de
resgate, programa de ajustamento,
e acrescentarem nada às suas
convicções pessoais.
Vejo os comentadores, uns mais
economistas, outros mais jornalistas,
a trocarem ideias entre si.
Vejo poucos a falarem para quem interessa.
Não vejo discurso directo.
É a quadratura de um círculo muito vicioso.