sexta-feira, 25 de setembro de 2009

OS PRATOS DA BALANÇA

Comprou numa loja de antiguidades, uma daquelas balanças em cobre com dois pratos, muito usadas em mercearias e farmácias antigas.

Num dos pratos, colocou uma boa porção, meio quilo, de ética, e cerca de quatrocentos gramas de deontologia. Convenhamos que é muito, nos tempos que correm. Havia muito disso lá por casa. Já não há tanto!

Bom, no outro prato da balança, despejou, é mesmo isso, despejou uma enorme quantidade de faltas de pagamento em pensão de alimentos, muitas rendas em atraso, e as bem actuais dívidas a instituições financeiras e antigos fornecedores.

Ainda entornava o segundo item, e os caros valores do primeiro prato, começaram qual braço de ferro a ceder.

No último ano, literalmente mais de doze meses, já ele agonizava em negócios mal calculados, iniciava um processo de regresso activo ao jornalismo. Jornalista…?! …actividade, tão em vias de extinção.

Ora os empregadores potenciais, fossem eles de televisão, rádios, ou outras publicações, fossem eles agências de comunicação e marketing, ou simples empresas à procura de quem lhes tratasse do “lifting”, estavam sempre com um “não”,na ponta da língua.

Disseram não ao sistemático envio de cartas e “mails” de apresentação, às entrevistas e aos contactos telefónicos ou presenciais.

E é por isso, que a tão bonita carteira profissional, um honroso título, começava a deixar de fazer sentido, e deveria ser devolvido à procedência, ou mesmo colocado em hasta pública.

E ele também se venderia, se alguém o quisesse comprar!

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